28 de abril de 2008

Pensamentos, palavras, actos e, sobretudo, omissões

Aos olhos da Santa Igreja Católica, Apostólica e Romana sou uma pecadora de alto calibre, algo na linha de um lança-rockets. Não posso esconder o meu orgulho por tal classificação.

Desde pequena que me foi impingida a religiosidade como forma irrefutável de vir a ser alguém. Lembro-me das tentativas da minha mãe, que insistia em que eu fizesse a oração da noite. Ou da triste continuidade dada ao meu catecismo.

Desde cedo, muito cedo, porém, entendi que a fachada religiosa, mas não de um modo exacerbado, era o caminho mais límbico para cair nas graças da minha avó. Sou, hoje, a sua "netinha" (de resto são só rapazes...) e gozo do estatuto de ter sido sempre a mais adorável, inteligente e promissora.

Bem, na altura era.

De certo modo, apesar de sentir que a minha avó já deu pela falta de Deus na minha vida - como aquele amigo que vinha sempre às festas de anos e, de um momento para o outro, deixou de aparecer - faço ainda algumas aparições genialmente teatrais nas leituras de Domingo de Páscoa, lá na aldeia.

The thing is, eu sou, no fundo, uma pecadora. E que regozijo, meus amigos! Que alegria! Não estar presa a muitas das [ridículas] convenções sociais que vêem o amor livre como putice, o pensamento livre como leviandade mental, a expressão oral livre como algo muito além do que Deus pede para que nos "multipliquemos". Do que sou mais partidária, confesso, é da omissão. Omissão de tudo e de mais alguma coisa, até de comida, de vergonha, de dignidade.

Sinceramente, é assim que se chega à loucura.

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