22 de dezembro de 2009

Olívia

Hoje acordei e o Caramulo tinha desaparecido. Dizia ela, que tem 4 anos, que as nuvens estavam montadas na serra.

16 de dezembro de 2009

...Baby Jesus strikes back and Santa falls right in the middle of the ring! Good one, Baby Jesus!

- Comprei uns meninos Jesus assim pequeninos e já levei ao senhor padre para os benzer. É para oferecer aos meninos. Mas tu não digas nada ao teu irmão, estás a ouvir?

15 de dezembro de 2009

Mioleira para jantar

- Quando andava na escola, as saquetas para o chá só custavam 20 escudos. Então nós comprávamos uma mão cheia delas, ensopavamo-las em água (quase nem chegávamos a fazer chá) e tentávamos acertar na cara uns dos outros, com aquilo tudo a pingar. Quando as empregadas toparam para que queríamos as saquetas, começaram a obrigar-nos a fazer o chá ao balcão e a deixá-las lá...

14 de dezembro de 2009

bLOLquistas

O Romance de Vila do Conde

Estou cansada desta vida em caixinhas de fósforos, como os Anicetos da Rua Sésamo.
A miúda do andar de cima nunca mais cresce e deixa de me martelar os ouvidos com barulho de coisas que caem, de saltos em cima da cama, de gritos injustificados. Na Catapulta, ao estar longe desta tristeza, tudo me parecia de certo modo encantador e tornava-se belo o indesejado e por aí fora. Não me parecia importar com a vida dos outros que me era imposta, porque não o era, de facto. Estava na minha casa, a curar a minha depressão.

10 de dezembro de 2009

a única coisa de que D. não se vai arrepender

A vingança planeia-se na cama.
As mãos apertadas marcam os pulsos
agarram-se perto da garganta
e a asfixia torna-se prazer
enquanto ele me sussurra o plano que te fará cair
Eu, porque sou eu, não me vou arrepender
de o arrastar
pelos pés pelo pátio
da escola, até ser possível marcar as linhas do jogo da macaca com a mistura de sangue e saliva
corto-lhe uma mão, para ires atirando até chegares ao número 9
se ganhares, tens direito a chutar a cabeça dele, de certeza que
rolava até à baliza com facilidade.
Respondia de unhas cravadas na parede.
Sei que está vazia
Furões e ursos pardos, pequeninos, raspam-na por dentro
e vomitam de seguida, pobres criaturas,
Vou ter de as confortar, aconchegá-las no meu peito nu,
até que as convulsões amainem e eles possam esquartejar com as patinhas o que restasse do corpo dele.
E D. observa-me com um sorriso, encostado à parede, de blusão de cabedal e cachecol ao pecoço,
a minha saia de pregas esvoaça,
corro de um lado ao outro do pátio, os pombos pousam na carcaça,
e riem-se enquanto tento encestar um pé.
Finalmente podemos voltar para o leito matrimonial, que não mais será profanado por memórias da fraqueza e insipiência de outrém.