18 de abril de 2008

Chuva sobre telhado de zinco

Enquanto tacteava distraidamente o balcão da casa-de-banho, à procura do meu creme de noite, palmadeava, com a outra mão em forma de concha, a nádega direita. Sentia o relevo da roupa interior, sentia as pequenas formas, que no fundo são flores aveludadas de quatro pétalas, daquele rosa-inocência, aquele rosa-sensualidade-virginal.

Tacteando e palmadeando, a minha mente concentrou-se, escolheu concentrar-se, no frio polar da minha boca, acabada de escovar. Creio que nas suas condições climatéricas poderia fazer criação de ursos polares e garantir-lhes um gelo sólido onde pousar; sólido e frio como só uma mente irrequietamente perturbada consegue oferecer.

Escovei também o cabelo mas não creio conseguir criar lá nada, nem toupeiras.

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