Olho à minha volta e vejo os despojos incompletos de uma freneticidade agoniada.
Tudo por fazer.
Tudo a meio.
Tudo sem fim nem esperança de se sentir completo.
Chove. As bonecas da minha mãe precisam de capas. Mas a minha inércia cruel fá-las sofrer, de vestido de Verão ou combinação, dentro do roupeiro. Imagino o que dirão de mim, que as voto a estes abandonos cíclicos como, no fundo, me voto a mim.
Ainda assim, se toda a gente votasse em si própria, o mundo seria um caos. Existem, felizmente - dentro desta lógica deplorável -, pessoas que abandonam os outros e que, deste modo, lhes poupam o trabalho que é abandonarem-se a si próprias.
Uma vénia a essas pessoas, que fazem com que a degradação interior não se manifeste a uma escala tão alarmante.
Silêncio
Há 1 ano
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